Advogados de defesa de réus da trama golpista apostam em pedido de revisão criminal; entenda

Advogados de defesa de réus da trama golpista apostam em pedido de revisão criminal; entenda
Julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) - interrogatórios no julgamento da trama golpista. Na foto: Anderson Torres de tornozeleira. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Os advogados de defesa dos principais réus acusados de liderar a trama golpista de 2022/2023 — ou seja, as defesas de Jair Bolsonaro, Braga Netto e outros — nunca admitirão publicamente, mas não veem a menor possibilidade de seus clientes se livrarem da prisão ao fim do julgamento no STF. 

Portanto algumas perguntas que fizeram aos seus clientes nos interrogatórios, assim como muitos dos questionamentos que lançaram para o delator Mauro Cid na segunda-feira, tinham um objetivo de mais longo prazo. 

Qual? Esses advogados preparam-se para um segundo tempo. Já pensam no pós-julgamento. Ou seja, vão pedir uma revisão criminal.

Esse é um recurso jurídico que permite que uma sentença penal seja reexaminada mesmo após transitada em julgado. E pode ser pedido mesmo que a decisão tenha sido dada pelo próprio STF.

Uma das condições para uma revisão criminal ser aceita é, por exemplo, o surgimento de um fato novo. 

Um dos fatos novos possíveis surgiu quando Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, perguntou ao Mauro Cid se ele havia feito "uso em algum momento para falar de delação de um perfil no Instagram que não está no nome dele" (...) "Eu queria saber se ele nunca usou perfil de mídia social para falar com alguém" .  Conforme revelou Malu Gaspar em seu blog, essa não foi uma pergunta fortuita. Há a suspeita de que Cid, enquanto dava à PF seus depoimentos durante a delação premiada, se comunicava com outros personagens da trama golpista  por meio de contas em mídias sociais de parentes e pessoas de confiança. 

Explica o advogado de um dos réus:

— Essa é uma maratona. Estamos plantando para o futuro. Por exemplo, dentro de dois anos a composição do Supremo pode estar diferente, e o Brasil ter no Palácio do Planalto um governo de direita. Aí, o jogo pode mudar.

Fonte: Globo.com