Banco Central: Copom reforça em ata necessidade de manter ‘juro restritivo por mais tempo’

Banco Central: Copom reforça em ata necessidade de manter ‘juro restritivo por mais tempo’
Copom repetiu que segue vigilante e que não hesitará em retomar ciclo de alta se julgar apropriado Foto: Rafael de Matos Carvalho/Adobe Stock

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou sua postura “vigilante” na ata da última reunião e repetiu que os próximos passos do colegiado podem ser ajustados. Na última quarta-feira, 17, o Copom decidiu manter os juros em 15% ao ano e manteve a mensagem de que, para assegurar a convergência da inflação à meta, em um ambiente de expectativas desancoradas, requer “uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Também voltou a dizer que acompanha os anúncios referentes à imposição de tarifascomerciais pelos Estados Unidos ao Brasil e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, “reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”.

Acrescentou que o cenário segue marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.

O colegiado também mencionou novamente que a elevada incerteza no cenário demanda cautela na condução da política monetária e reforçou a disposição para reagir, se necessário.

“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse, no parágrafo 21.

O colegiado repetiu as projeções de inflação acumulada em 12 meses, já apresentadas no comunicado, para 2025 (4,8%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%) — este último, o horizonte relevante da política monetária.

Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%. A trajetória considera uma desaceleração dos preços livres, de 5,0% este ano para 3,3% no horizonte relevante. Os preços administrados devem passar de 4,3% para 3,8% nesse mesmo período.

Todas as projeções partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus (publicado em 15 de setembro) e bandeira verde de energia elétrica em dezembro de 2025 e 2026. A taxa de câmbio começa em R$ 5,40 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.

Avaliar impactos

O Copom afirmou que, após uma firme elevação dos juros, optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados.

Na sequência, disse que, “na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”.

Segundo o comitê, endossando o cenário já esperado, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação.

O Copom, no entanto, repetiu que segue vigilante e que não hesitará em retomar um ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou também seu “firme compromisso com o mandato de levar a inflação à meta”.

Por: MSN