Bolsa renova recorde e dólar cai a menor valor em 15 meses com Lula e Trump

Comentários do presidente dos EUA tiraram pressão sobre ativos brasileiros e dólar recuou mais de 1%

Bolsa renova recorde e dólar cai a menor valor em 15 meses com Lula e Trump
Presidentes Donald Trump (EUA) e Lula (Brasil) — Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP e MICHAEL M. SANTIAGO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O dólar ampliou suas perdas ante o real nesta terça-feira (23) e renovou a cotação mínima da sessão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que se reunirá na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Ibovespa também aproveitou o embalo e renovou recorde de fechamento, além de ter tocado os 147 mil pontos intradia pela primeira vez na história.

Durante discurso na Assembleia Geral da ONU, Trump afirmou que esteve por alguns segundos com Lula na sede da organização e que teve "excelente química" com o brasileiro.

Logo após os comentários de Trump, o dólar à vista já registrava baixa de mais de 1%.

A cotação da moeda norte-americana à vista fechou em queda de 1,11%, a R$ 5,2787 na venda. O valor é o menor de encerramento desde 6 de junho do ano passado, quando a divisa atingiu R$ 5,2493. No ano, o dólar acumula baixa de 14,57%.

Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 0,91%, renovando recorde aos 146.424,94 pontos. O volume negociado foi de R$ 20.507.808.134.

Esta é a sétima vez no mês que o índice bateu recordes, segundo levantamento da B3. No ano, a máxima já foi renovada 14 vezes.

Assembleia Geral da ONU

A participação de Lula na assembleia da ONU era bastante esperada pelos agentes do mercado, que nos últimos dias demonstraram temor de que Trump pudesse anunciar mais medidas econômicas contra o Brasil.

Na segunda-feira (22), os EUA anunciaram sanções a Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mas não ao país.

Em seu discurso no fim da manhã, Lula disse que a soberania brasileira é inegociável e criticou medidas unilaterais impostas ao país e os ataques ao Poder Judiciário brasileiro. Lula também afirmou que a imposição de sanções arbitrárias está se tornando constante e os ideais que inspiraram a criação da ONU estão ameaçados.

Trump falou logo após Lula, e já no fim do discurso citou o Brasil. O americano disse que passou por Lula após o brasileiro discursar, acrescentando que ambos se abraçaram e falaram rapidamente.

"Tivemos uma boa conversa, e concordamos em nos reunirmos na semana que vem", disse Trump. "Ele pareceu ser uma pessoa muito boa."

Os comentários de Trump tiraram a pressão sobre os ativos brasileiros: o dólar passou a oscilar abaixo dos R$ 5,30 e o Ibovespa renovou a máxima histórica, acima dos 146 mil pontos. Na curva de juros brasileira, as taxas também operavam em baixa.

Cena doméstica

Mais cedo, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) mostrou que o Banco Central, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou agora em um "novo estágio" da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação.

“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, destacou a ata.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o BC assumiu "com mais clareza" que o ciclo de elevações da Selic está encerrado.

"É claro que ele deixa uma abertura dizendo que se precisar aumentar, ele vai. Mas o registro de modo geral mudou. Agora é um registro de um Copom que vai esperar para ver o que a firme elevação da taxa de juros vai trazer para a economia brasileira", disse Gala.

No mercado de câmbio, a avaliação é de que a Selic a 15%, juntamente com mais cortes de juros pelo Federal Reserve, torna o diferencial de juros do Brasil ainda mais atrativo para os investidores internacionais, o que mais recentemente permitiu que o dólar se aproximasse dos R$ 5,30.

Durante entrevista mais cedo ao ICL Notícias, Haddad ponderou, no entanto, que os juros no Brasil não deveriam estar em 15% e que há espaço para cortes.

O ministro pontuou ainda que o Brasil não tem dificuldade de colocar seus produtos em outros mercados diante da vigência da tarifa implementada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

No exterior, o dólar seguia próximo da estabilidade ante as moedas fortes e tinha sinais mistos ante as demais. Às 12h26, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes -- subia 0,04%, a 97,360.

Fonte: CNN