'Não há menor chance de recuar um milímetro', diz Moraes ao Washington Post

O ministro do STF Alexandre de Moraes concedeu uma entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, que o descreveu como "o juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump".

'Não há menor chance de recuar um milímetro', diz Moraes ao Washington Post
Imagem: Danilo Verpa - 11.ago.2025/Folhapress

"Não recuaremos do que precisa ser feito"


Moraes contou que estava assistindo a um jogo do Corinthians quando o celular dele começou a apitar com várias mensagens: Jair Bolsonaro (PL) havia descumprido a ordem de não usar as redes sociais, descreve o jornal. Ele agiu imediatamente, decretando a prisão domiciliar do ex-presidente, que será julgado nas próximas semanas por tentativa de golpe de Estado.

O ministro disse que não há chance de que as sanções impostas pelos Estados Unidos influenciem o processo:

Não há a menor chance de recuarmos nem um milímetro sequer.

Eu entendo que, para a cultura norte-americana, é mais difícil entender a fragilidade da democracia, porque nunca houve um golpe lá. Mas o Brasil teve anos de ditadura sob [o presidente Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inumeráveis tentativas de golpe. Quando você é mais atingido por uma doença, você desenvolve anticorpos mais fortes e procura uma vacina preventiva. 

Faremos a coisa certa: receberemos a acusação, analisaremos a evidência, e quem deve ser condenado, será condenado, e quem deve ser absolvido, será absolvido.

"Sanções não são agradáveis, mas investigação continuará"


O governo de Donald Trump sancionou Moraes com a perda do visto e com a Lei Magnitsky, criada para punir acusados de graves violações contra os direitos humanos, que proíbe que ele faça transações com instituições financeiras que atuam nos Estados Unidos.

É agradável passar por isso? Claro que não é agradável. Todo constitucionalista tem grande admiração pelos Estados Unidos. 

Essas narrativas falsas acabaram envenenando a relação [entre Brasil e EUA] — narrativas falsas apoiadas por desinformação espalhada nas redes sociais. Então o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas.

Enquanto for necessário, a investigação vai continuar.

Fonte: Uol