Milei volta atrás sobre decreto para aumentar próprio salário

Uma denúncia foi feita por deputados opositores do presidente da Argentina; percentual seria de cerca de 50%

Milei volta atrás sobre decreto para aumentar próprio salário
Milei assumiu presidência com promessa de transformar a Argentina — Foto: Anita Pouchard Serra/Bloomberg

O presidente argentino Javier Milei anunciou este sábado que voltou atrás sobre um decreto que aumentaria de maneira significativa seu salário e os das pessoas do seu gabinete. Milei anunciou a decisão na sua conta no X (antigo Twitter), logo que foi feita uma denúncia por parte de deputados opositores sobre um incremento salarial de cerca de 50%.

“Vamos revogar esse decreto e retroceder qualquer aumento que a planta política tenha recebido”, expressou Milei, apontando que no momento atual em que a sociedade argentina “está realizando un esforço heróico”, os políticos “têm que ser os primeiros a dar o exemplo”. Na sua publicação, Milei, um economista ultraliberal e de extrema direita, culpou um decreto firmado em 2010 pela presidente Cristina Fernández de Kirchner deste aumento.

Cristina, que foi presidente da Argentina em dois períodos, de 2007 a 2015, e vice-presidente no período anterior, respondeu também por redes sociais aos apontamentos do líder do Libertad Avanza. “Se descobriu que você e seus funcionários aumentaram o próprio salário em 48%”, acusou a ex-presidente“ . "Não te ocorre melhor desculpa do que dizer que a culpa é minha, por um decreto que assinei há 14 anos?", disse.

Não é a primeira vez que ambos fazem duras acusações um ao outro pelas redes sociais sobre temas de contingência.

Segundo a denúncia de uma deputada opositora Victoria Tolosa Paz, este sábado, o aumento do salário do presidente, ministros, secretários e subsecretários de Estado ocorreu em 48% e, segundo sua publicação também na rede social X, teria sido efetivado em fevereiro. A deputada apontou que “com a bandeira de austeridade Milei nos mente”.

O governo de Milei tem aplicado desde que chegou ao poder, em dezembro, um drástico corte do gasto público para alcançar o déficit zero. As políticas de ajuste têm esquentado o clima social: nas últimas semanas ocorreram manifestações de organizações da esquerda e greves de sindicatos de condutores de trens urbanos, entre outros, em um contexto de inflação anual em torno de 254% e queda da atividade econômica.

Por: Valor Econômico