Lula escolhe secretário-executivo de Lupi para assumir Ministério da Previdência

Chefe da pasta deixou o cargo após conversa com o presidente no Palácio do Planalto

Lula escolhe secretário-executivo de Lupi para assumir Ministério da Previdência
A ministra Gleisi Hoffmann, o ministro Wolney Queiroz e o presidente Lula — Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na tarde desta sexta-feira, o pedido de demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante audiência no Palácio do Planalto.

"O presidente convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro", disse o Palácio em nota.

A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União.

Integrantes do Palácio do Planalto e a bancada do PDT na Câmara já davam com certa a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, que se concretizou horas depois.

– Para o governo essa transição é natural – declarou o líder do PDT na Câmara, Mario Heringer (MG), sobre a possibilidade de Wolney, que é o número 2 na hierarquia da pasta, assumir o ministério como titular.

Como forma de impedir atritos com o PDT, que já tem divisões internas sobre apoiar Lula ou não na eleição presidencial de 2026 e vinha reivindicando mais espaço no governo, o ministério continou sob a influência da legenda.

O partido tem apenas 17 deputados, mas é considerado da base fiel do governo e ligado ideologicamente à gestão de Lula. O ex-presidenciável e ex-governador Ciro Gomes é da sigla e tem vocalizado uma posição contra o PT nas últimas eleições. Ainda assim, mesmo considerando isso e o pedido por cargos, a cúpula da legenda, da qual Lupi faz parte, costuma agir afinado com o governo.

Wolney era deputado federal pelo PDT de Pernambuco e foi líder da sigla na Câmara durante as eleições de 2022. Na época, ele era uma das principais vozes dentro do partido a discordar da candidatura presidencial de Ciro e pregar o apoio da sigla a Lula logo no primeiro turno.

Lupi está no centro de uma crise envolvendo descontos indevidos em aposentadorias no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O escândalo tem desgastado o governo nos últimos e há no Congresso uma pressão para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.

A operação "Sem Desconto", deflagrada na semana passada, apura descontos irregulares feitos por associações que possuem convênios com o INSS. Segundo as investigações, esses grupos podem ter desviado mais de R$ 6 bilhões nos últimos anos.

Em entrevista ao GLOBO, Lupi admitiu que sabia o que estava acontecendo em relação aos aumentos dos descontos de aposentadorias para repasses a associações e que demorou para tomar previdências. Disse, porém, que não se sente desconfortável em permanecer no governo.

Entenda a operação

A megaoperação deflagrada pela PF e CGU visa combater descontos não autorizados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. Stefanutto foi afastado do cargo por decisão judicial e depois demitido por Lula.

A operação, que envolveu centenas de policiais e auditores, foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. As investigações apontam que a soma dos valores descontados chega a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, mas ainda será apurado qual porcentagem foi feita de forma ilegal.

As investigações apontaram que havia descontos sobre valores pagos mensalmente pelo INSS como se os beneficiários tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.

Após a operação, o governo suspendeu todos os acordos que previam desconto nas aposentadorias.

Fonte: Globo.com