Zona Franca de Manaus, fundo para estados e serviços dominam reta final do debate sobre reforma tributária

Tendência é de que texto seja votado entre até a próxima quinta-feira (6); deputados que articulam matéria projetam amplo apoio, próximo aos 400 votos favoráveis

Zona Franca de Manaus, fundo para estados e serviços dominam reta final do debate sobre reforma tributária
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Às vésperas da votação da reforma tributária na Câmara, articuladores debatem ajustes finais ao texto do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Na mesa estão os incentivos à Zona Franca de Manaus (ZFM), os valores do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) e o cenário para o setor de serviços.

A tendência é de que o texto seja votado entre a próxima quarta (5) e quinta-feira (6), segundo apuração da CNN. Deputados que articulam a matéria projetam amplo apoio, próximo aos 400 votos favoráveis.

A redação para matéria apresentada na quinta-feira (23) receberá apenas ajustes “residuais” antes de ir ao plenário, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), espera ter “um texto de consenso” até a votação.

Fundo dos estados

O texto preliminar prevê que o FDR crescerá progressivamente de 2029 a 2033, quando atingirá R$ 40 bilhões. Segundo apuração da CNN, o valor pode subir cerca de R$ 10 bilhões. Governadores sinalizaram o pedido de R$ 75 milhões.

Em relação à distribuição do valor, governadores do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste — além do Espírito Santo — defendem a ideia alocar o dinheiro seguindo dois critérios: PIB invertido (estados mais pobres ficam com mais recursos) e tamanho da população.

O modelo, porém encontra resistência de outras unidades federativas, que acreditam que seriam prejudicadas por este modelo.

Também no âmbito federativo, há um impasse sobre o conselho federativo responsável pelo rateio do que for arrecadado pelo novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que juntaria o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Parte dos governadores pedem que o colegiado fique responsável apenas por gerir e distribuir a arrecadação do IBS proveniente de operações interestaduais, e que as transações internas fiquem a cargo dos fiscos estaduais. 

Zona Franca de Manaus

O substitutivo de Ribeiro também preserva a ZFM. Segundo a redação, os incentivos serão mantidos por 50 anos, até 2073.

Haverá possibilidade de alterações nas alíquotas e regras para creditar ambos os impostos que compõem o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual.

A regra também se aplica a outras áreas de livre comércio instituídas até 31 de maio de 2023.

Polo Industrial de Manaus
Polo Industrial de Manaus / Google Maps / Reprodução

Além disso, uma das alternativas estudadas para compensar o fim do IPI (do qual a ZFM era isenta) é que o Imposto Seletivo (IS), criado pela reforma, tribute bens fabricados em outras regiões do país que também sejam produzidos na Zona Franca de Manaus.

Em entrevista à CNN, o deputado Sidney Leite (PSD-AM) indicou que, durante a articulação do tema, “nunca houve indisposição para a manutenção dos incentivos”.

O Banco Mundial, em maio deste ano, emitiu comunicado em que pede a reavaliação dos benefícios. A instituição destaca o “alto custo” dos incentivos (0,4% do PIB) e indica que eles “não ajudaram a estimular o crescimento da produtividade”.

Setor de serviços

O setor de comércio vem sinalizando que a reforma tributária que está no Congresso pode afetá-lo negativamente. Segundo cálculos de associações, a carga tributária para as empresas do ramo deve subir.

Questionado sobre a divergência do setor, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem afirmando que a manutenção do Supersimples e a diminuição de alíquotas para educação e saúde atendem as demandas.

Além de manter o Simples Nacional, o texto preliminar da reforma define que a alíquota será de 50% da cifra padrão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para diversos setores — entre eles serviços de educação; serviços de saúde, dispositivos médicos e medicamentos.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por exemplo, indica que “a ideia de estabelecer alíquotas diferenciadas para atividades específicas dos serviços, como saúde e educação, não é suficiente para minorar os efeitos nocivos da reforma”.

“Se a ideia da PEC de prever uma tributação diferenciada tem como objetivo evitar o sufocamento do setor de serviços, esse tratamento deveria ser estendido para os demais segmentos que o integram a fim de que não acabem suportando a elevação da tributação, em detrimento de outros segmentos”, acrescenta a entidade.

Com informações de Daniel Rittner CNN