'Não ao fascismo, racismo e sexismo': bandeira com protesto foi feita por fãs e pedida por líder do Green Day

Fã escreveu as frases de protesto baseada no histórico de ativismo político de Billie Joe. Ela conta que o vocalista a viu balançando a bandeira e pediu para mostrar no Palco Mundo.

'Não ao fascismo, racismo e sexismo': bandeira com protesto foi feita por fãs e pedida por líder do Green Day
Bárbara Mattos mostra bandeira usada por Billie Joe em show no Rock in Rio — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

No show do Green Day no Rock in Rio, o vocalista, Billie Joe, mostrou uma bandeira do Brasil com a mensagem: "Não ao racismo, não ao fascismo, não ao sexismo". Ela estava na mão de uma fã, que escreveu o protesto baseada no histórico de ativismo político da banda.

Bárbara Mattos, estudante e professora de inglês de 23 anos, tinha subido ao palco no começo do show e diz que depois Billie a viu balançando a bandeira na grade. Ele pediu a bandeira a ela. Mais tarde, o vocalista também balançou uma bandeira do orgulho LGBT que pegou de outro fãs.

"Eu escrevi na bandeira porque o Green Day tem esse cunho político muito forte em toda a discografia. São várias músicas com críticas políticas. Em toda a história do Green Day eles sempre reforçaram a questão da igualdade e foram contra hábitos racistas, homofóbicos e sexistas", explica Bárbara.

"Eu me lembro que no Brasil em 2017 eles vieram com a Revolution Radio Tour e teve uma bandeira com algo semelhante: "sem fascismo, sem KKK". Isso era uma espécie de slogan deles na época. O Billie cantava "no Trump, no KKK, no fascist USA (não a Trump, não ao KKK, não aos EUA fascistas)."

"E aí eu aproveitei que já tinha a bandeira do Brasil e escrevi aqui em casa:"

  • " 'No racism' (sem racismo), porque a gente está aqui no Brasil, onde o racismo é muito presente. "
  • "'No fascism' (sem fascismo), porque, enfim, né... no cenário político eu vejo a volta de alguns comportamentos fascistas e neofascistas no Brasil, e isso é extremamente esquisito, feio, horroroso. "
  • "E 'no sexism' (sem sexismo), porque eu sou mulher e a gente vê muita discriminação", Bárbara conclui.

" Então foi uma maneira de usar a bandeira do Brasil para falar: 'Aqui não. Aqui não vai ter racismo, não vai ter sexismo, não vai ter fascismo.' E foi muito legal, porque a gente começou a balançar a bandeira, o Billie pediu, a gente entregou, ele estendeu, vestiu a bandeira e depois devolveu para a gente. Foi uma experiência incrível. Vou guardar para o resto da minha vida. "

Bárbara Mattos aguardando a hora do show do Green Day. Era dela também a bandeira na qual Billie Joe se enrolou durante show — Foto: Arquivo Pessoal

Bárbara Mattos aguardando a hora do show do Green Day. Era dela também a bandeira na qual Billie Joe se enrolou durante show — Foto: Arquivo Pessoal

Ela também subiu ao palco

Bárbara chegou às 6h na Cidade do Rock e não fez xixi o dia inteiro. O objetivo era ficar na grade do show do Green Day e assistir aos ídolos de pertinho. Mas o esforço rendeu muito mais: ela foi chamada ao palco e ainda cantou um trechinho de "Know your enemy".

“Eu estou em choque ainda, parece que não aconteceu", disse Bárbara em entrevista ao g1, neste sábado (10).

"Quando estava subindo as escadas, meu coração estava disparado, estava realizando meu maior sonho. Quando abracei o Billie eu disse: 'You saved my life' ['Vocês salvaram minha vida']. A partir dali, comecei a cantar histericamente, não sabia se pulava, se chorava ou o que. Fiz o que meu corpo queria fazer naquele momento", afirmou.

Ela ainda explicou o motivo de ter dito para Billie que a banda salvou sua vida.

Bárbara Mattos antes de subir ao palco no show do Green Day no Rock in Rio — Foto: Arquivo Pessoal

Bárbara Mattos antes de subir ao palco no show do Green Day no Rock in Rio — Foto: Arquivo Pessoal

"Eu tenho alguns traumas de infância e nunca soube lidar bem com essas coisas, mas quando conheci a banda vi um motivo pra acreditar", afirmou.

"Quando me vi em depressão há alguns anos, era a música deles que me motivava. Em 2017 fui ao show deles e para mim foi um divisor de águas, comecei a enxergar a vida de outra maneira, para a melhor."

"A partir disso tem toda inspiração de vida que tá diretamente ligado à minha conexão com música e literatura, que foi um dos motivos pelo qual eu comecei a fazer Letras na UFRJ."

'Eu mal entendo o que falo, mas sei a letra'

Atualmente, Bárbara, além de estudante, é professora de inglês. Por isso, se divertiu com os comentários sobre sua pronúncia no idioma enquanto cantava com a banda no palco. "Levo numa boa", disse.

"Sinceramente, na hora eu entrei em desespero. Eu queria gritar, sair correndo, abraçar os outros integrantes, correr e cantar tudo ao mesmo tempo. Acho que só entrei em desespero e acabei não cantando direito."

"Olha, no vídeo, eu mal entendo o que eu falo. Mas eu sei a letra, então está tudo certo", diz, aos risos.

Bárbara Mattos mostra palheta que ganhou da produção do Green Day — Foto: Arquivo Pessoal

Bárbara Mattos mostra palheta que ganhou da produção do Green Day — Foto: Arquivo Pessoal

Fonte: G1