Jornalista russo vende medalha do Prêmio Nobel por US$ 103,5 milhões para ajudar ucranianos
O jornalista russo Dmitry Muratov, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz no ano passado, leiloou sua medalha por US$ 103,5 milhões na segunda-feira (20), e a renda será doada para ajudar crianças refugiadas ucranianas.
A Heritage Auctions twittou que Muratov “leiloou seu #NobelPeacePrize de 2021 para beneficiar o fundo para crianças refugiadas da UNICEF. Foi vendido por US$ 103,5 milhões”.
Todos os lucros do leilão, que foi concluído no Dia Mundial do Refugiado, serão destinados à resposta humanitária da UNICEF às crianças ucranianas deslocadas pela guerra, de acordo com a casa de leilões.
“Neste momento, o prêmio é uma oportunidade de compartilhá-lo com as pessoas”, disse Muratov antes do leilão, incentivando pessoas de todo o mundo a se juntarem à causa e fazerem suas contribuições.
De acordo com a descrição da medalha à venda pela Heritage Auctions, o diretor do Instituto Nobel norueguês, Olav Njølstad, apoiou o leilão, chamando-o de “generoso ato de humanitarismo”.
Os números mais recentes mostram que houve mais de 7,7 milhões de travessias de fronteira da Ucrânia e mais de 5 milhões de refugiados da Ucrânia foram registrados em toda a Europa desde a invasão russa no final de fevereiro, segundo a agência da ONU para refugiados, ACNUR.
Em um apelo por doações, a UNICEF diz que 7,5 milhões de crianças da Ucrânia foram profundamente afetadas pelo conflito em curso, inclusive sendo separadas de suas famílias, sem suprimentos e recursos básicos e enfrentando ameaças diárias de explosivos.
A descrição da Heritage Auctions continua: “O objetivo é usar este evento para aumentar a conscientização sobre as crises de refugiados e para que as doações continuem por muito tempo após o leilão de 20 de junho”.
A repressão à mídia na Rússia
Muratov dividiu o Prêmio Nobel de 2021 com a jornalista filipina-americana Maria Ressa pelo que os juízes descreveram como seus “esforços para salvaguardar a liberdade de expressão”.
Muratov é o editor-chefe do meio de comunicação independente russo Novaya Gazeta. “Ele criticou a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e o uso da força militar pelo governo, tanto dentro quanto fora da Rússia”, segundo a organização do Prêmio Nobel da Paz.
Seis dos jornalistas do jornal foram mortos, incluindo Anna Politkovskaya, uma crítica do Kremlin que denunciou abusos de direitos humanos na Chechênia.
Após a invasão da Ucrânia, o Kremlin reforçou seu controle sobre a mídia independente do país. Em março, os legisladores criminalizaram a divulgação de informações “falsas” que desacreditam os militares russos ou pedem sanções contra o país.
A repressão obrigou alguns meios de comunicação a fecharem suas portas e seus jornalistas a deixarem o país.
No início de março, a Novaya Gazeta disse que havia removido artigos sobre a guerra na Ucrânia de seu site devido à censura do governo. Nesse mesmo mês, o jornal anunciou que suspenderia a publicação até o fim da guerra na Ucrânia.
Anna Cooban, Eoin McSweeney e Niamh Kennedy contribuíram nesta reportagem/ CNN Brasil