Imagens mostram que funcionários mortos em explosão de fábrica no Paraná haviam acabado de chegar para turno: 'Colocando o equipamento'
Delegada quer ouvir outros empregados da Enaex e analisar relatório técnico com possíveis causas da detonação

A delegada Gessica Andrade, à frente das investigações da explosão que matou nove funcionários da Enaex Brasil e outros sete feridos em Quatro Barras, na Grande Curitiba, descreveu o que mostram as imagens de câmeras de segurança colhidas na empresa após o acidente. A investigadora conta que a detonação se deu por volta de 5h55, no momento em que as vítimas chegavam para assumir o turno e não haviam sequer terminado de colocar os equipamentos de proteção.
— As imagens de segurança mostram que os funcionários tinham acabado de chegar, então eles ainda estavam colocando o equipamento de segurança. Estavam naquela primeira reunião, passando o checklist com o encarregado. A gente também conseguiu imagens um pouco mais afastadas que mostram a explosão em si — disse Gessica.
As imagens não foram divulgadas. Segundo a delegada, um segundo passo das investigações envolve colher o depoimento de outros funcionários da companhia e cobrar, da Enaex, um relatório técnico que possa dar pistas sobre o que causou a detonação.
— Num segundo momento, vão ser ouvidos funcionários para explicar a dinâmica do trabalho que eles desenvolviam ali quanto a quantidade de substância que eles manipulavam por dia e como era feito esse procedimento, o que cada pessoa era encarregada de fazer naquele local. Então, a delegacia vai solicitar à Enaex um relatório técnico das possíveis causas, o que pode ter acontecido que pode ter gerado uma explosão de tamanha magnitude — destacou.
Identificação de corpos por DNA
Mais de cinquenta profissionais mobilizados pelo governo do Paraná retomaram os trabalhos nesta quarta-feira na fábrica de materiais. A prioridade, segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Teixeira, é a identificação das vítimas que estavam no local no momento da detonação. O secretário disse que os corpos foram fragmentados por conta da energia da explosão. Será preciso realizar exames de DNA das vítimas com o material coletado das famílias dos trabalhadores.
A previsão é que os trabalhos sejam retomados às 7h desta quarta. Mais de 50 profissionais foram mobilizados para o local, entre equipes da Polícia Civil (PCPR), da Polícia Militar (PMPR), do Corpo de Bombeiros Militar (CBMPR) e da Polícia Científica (PCP/PR).
Quatro equipes da Polícia Científica vão atuar diretamente no processo de identificação. Segundo a empresa, as vítimas seriam nove funcionários. Em paralelo, essas equipes vão atuar em conjunto com a Polícia Civil no trabalho de investigação das causas do acidente.
Foi um dia de muito trabalho. O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) está no local desde as 6h20, poucos minutos depois de ser comunicada a explosão. Inicialmente foi feito todo o isolamento da área e o atendimento dos feridos, sempre com a ajuda da brigada da empresa. Tivemos também a ação fundamental do esquadrão Antibombas da Polícia Militar do Paraná, que criou um espaço seguro para que as buscas pudessem ser realizadas — explicou o Hudson Teixeira, em entrevista coletiva nesta terça.
As autoridades do Paraná destacam que a Enaex está colaborando diretamente nas buscas e na elucidação das causas da ocorrência.
O incidente ocorreu nas instalações da empresa, antiga Britanite, por volta de 5h50, e foi descrito pelos bombeiros como uma "detonação acidental". Mais cedo, a Secretaria de Segurança do Paraná já havia confirmado as mortes, sem determinar o número de óbitos.
"Expressamos nossas mais sinceras condolências às suas famílias, amigos e colegas de trabalho. Outras 7 pessoas tiveram ferimentos leves, foram atendidas imediatamente e já estão com seus familiares em suas residências. As investigações das causas do acidente estão em curso. A Enaex Brasil permanece à disposição das autoridades a fim de contribuir para o esclarecimento do ocorrido. Novos comunicados serão publicados de forma ativa e transparente, conforme confirmações oficiais", disse a empresa em nota divulgada com nome das vítimas.
Mais cedo, o Corpo de Bombeiros confirmou que a empresa atuava de acordo com as leis na operação com explosivos e tinha as autorizações devidas para isso.
A fábrica, que atua no setor de desmonte de rochas e na produção de explosivos, fica no quilômetro 1 da BR-116 (Rodovia Régis Bittencourt).
Fonte: Globo.com