Ibovespa tem novo recorde após ata do Copom e elevação de rating pela S&P; dólar recua a R$ 4,86

O principal índice da bolsa de valores subiu 0,59%, aos 131.851 pontos, novo recorde histórico. Já a moeda norte-americana caiu 0,81%, cotada a R$ 4,8648.

Ibovespa tem novo recorde após ata do Copom e elevação de rating pela S&P; dólar recua a R$ 4,86
— Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O destaque da agenda de hoje ficou com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada.

O Banco Central afirmou que vai prosseguir no processo de corte dos juros no ano de 2024 e reforçou o recado de que é importante o governo federal seguir buscando as metas indicadas para as contas públicas. (saiba mais abaixo)

Além disso, ainda ficou no radar a elevação da nota de crédito do Brasil pela S&P Global Ratings. A agência de classificação de risco elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB. A perspectiva é estável.

Já o dólar, diante do mesmo cenário, fechou em queda nesta terça.

Dólar

O dólar fechou em queda de 0,81%, cotado a R$ 4,8648. Veja mais cotações.

Com o resultado de hoje, passou a acumular quedas de:

  • 1,46% na semana;
  • 1,03% no mês;
  • 7,83% no ano.

Ontem, a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,65%, vendida a R$ 4,9047.

Ibovespa

Já o Ibovespa encerrou em alta de 0,59%, aos 131.851 pontos, renovando seu recorde histórico pelo segundo pregão consecutivo.

Com o resultado de hoje, passou a acumular ganhos de:

  • 1,27% na semana;
  • 3,55% no mês;
  • 20,15% no ano.

Na véspera, o índice fechou com alta de 0,68%, aos 131.084 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O principal destaque desta terça-feira (19) ficou com a publicação, por parte do Banco Central, da ata da última reunião do Copom. No documento, a instituição reafirmou a intenção e ritmo dos cortes de juros e fez nova menção à importância da preservação da meta de déficit zero nas contas públicas.

"Com relação ao cenário fiscal, tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", avaliou o BC.

A lógica é que, sem o atingimento da meta fiscal, o governo contribui para elevar o montante de recursos disponíveis na economia – e, consequentemente, há mais dificuldade em atingir as metas de inflação fixadas para 2024 e para 2025.

A instituição reiterou a visão de que um eventual "esmorecimento" no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, assim como o aumento do crédito direcionado (BNDES, rural e habitacional, com juros menores) e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia (que controla a inflação e permite crescimento do PIB).

O texto cita ainda, como consequência desse cenário, possíveis "impactos deletérios sobre a potência da política monetária [de definição da taxa de juros] e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade".

"O trecho mais importante na ata é quando o Copom destaca que ‘a evolução prospectiva do hiato do produto e a dinâmica do mercado de trabalho serão muito relevantes para determinar a velocidade com que a inflação atingirá a meta’", diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

"Isto é, o Copom só mudará seus planos se a economia tiver uma desaceleração mais intensa, o que poderia levar à uma queda da inflação mais rápida, o que respingaria no processo de reancoragem das expectativas."

Outro destaque desta terça-feira (19) ficou com a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings. O rating do país passou de BB- para BB, com perspectiva estável.

Essa classificação ainda indica uma posição de "grau especulativo". Isso significa que o país ainda enfrenta incertezas em relação a condições financeiras, mas a subida de nota agora coloca o Brasil a dois degraus do "grau de investimento".

Já na agenda corporativa, as atenções ficaram voltadas para a Assembleia de Credores da Americanas – a rede de varejo responsável por um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do Brasil.

A empresa anunciou na madrugada desta terça-feira que Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e outros credores aceitaram acordo para apoiarem o plano de recuperação judicial da companhia, que foi à votação em assembleia nesta tarde. Até o fechamento dos mercados, a assembleia ainda não havia sido concluída.

Além de BB e Caixa, "diversos outros detentores de títulos de valores mobiliários da companhia" também aderiram ao acordo. Com as novas adesões ao acordo de apoio, chamado pela Americanas de PSA, o plano de recuperação judicial da empresa conta com adesão de "parcela significativamente superior a 60% da dívida da companhia".

No exterior, ainda repercutiram falas de membros do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre a decisão da semana passada de manter os juros americanos inalterados. Ontem, falaram os presidentes das distritais de Cleveland e Chicago.

Loretta Mester, de Cleveland, acredita que os cortes de juros não vão acontecer no curto prazo, uma vez que a discussão central ainda é saber por quanto tempo os juros terão de ficar no patamar atual de 5,25% a 5,5%.

Austan Goolsbee, de Chicago, uma das vozes mais "dovish" do atual comitê do Fed, comemorou o progresso na inflação, mas disse ter ficado “confuso” com a reação do mercado à decisão de juros e à coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell na semana passada.

Por: G1