Governador do Tocantins é afastado em operação da PF sobre desvio de emendas
Agentes investigam desvio de verba para compra de cestas básicas na pandemia

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi afastado do cargo em uma operação da Polícia Federal que investiga desvio de emendas parlamentares durante a pandemia de Covid-19.
Segundo a PF, houve fraudes no fornecimento de cestas básicas e frango congelados comprados com essa verba. O prejuízo é estimado em R$ 73 milhões. O dinheiro teria sido usado para a aquisição de imóveis de luxo, compra de gado e despesas pessoais.
A assessoria do governador não se manifestou sobre o caso.
A operação e o afastamento do governador foram autorizados pelo ministro Mauro Campbell, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão. Mais de 200 policiais foram mobilizados para a operação.
Esta foi a segunda fase da operação Fames-19, que investiga esses desvios. Em agosto de 2024, Barbosa já havia sido alvo de mandados de busca e apreensão.
Em março, um sobrinho do governador, Thiago Barbosa de Carvalho, foi alvo de uma operação de busca e apreensão numa apuração da Polícia Federal para saber se houve vazamento de informações sigilosas em dois gabinetes de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O material sob análise se debruçava sobre duas operações, sendo uma delas a Fames-19. A PF investiga se informações vazadas chegaram às mãos de alguns dos investigados.
No computador que Thiago usava, de acordo com documentos obtidos pela Folha, os policiais encontraram arquivos das duas operações. O equipamento foi apreendido para extração dos dados e análise detalhada.
O Tocantins tem um histórico recente de instabilidade política. O próprio Wanderlei Barbosa, eleito vice-governador em 2018, assumiu o estado em 2021 interinamente após o afastamento pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) do titular à época, Mauro Carlesse.
Em março de 2022, tomou posse de forma definitiva. Depois, filiou-se ao Republicanos e pavimentou a disputa pela reeleição em 2022.
Antecessor de Wanderlei, Carlesse era presidente da Assembleia tocantinense em 2018, quando assumiu o governo também após a cassação do titular Marcelo Miranda (MDB) e da então vice-governadora pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Após posse como interino, Carlesse se viabilizou para ser eleito na eleição suplementar de junho de 2018 e, quatro meses depois, reeleito.
Fonte: Folha de S. Paulo