Adolescente que atacou escolas em Aracruz tentou esconder vestígios e disse que agiu sozinho

Atirador foi para casa de praia com os pais após o ataque; neste domingo (27), governo do Espírito Santo divulgou novas informações sobre o caso

Adolescente que atacou escolas em Aracruz tentou esconder vestígios e disse que agiu sozinho
Foto: Divulgação

O adolescente que invadiu duas escolas e deixou pelo menos quatro mortos em Aracruz, no Espírito Santo, tentou esconder os vestígios do crime e foi para uma casa de praia com os pais após o ataque. A informação foi confirmada pela Polícia Militar ao portal uol

O jovem é filho de policial militar e usou as armas e o carro do pai nos atentados. Após os ataques, ele voltou para casa, estacionou o carro do pai na garagem e recarregou as duas armas utilizadas, guardando-as no mesmo local. 

Ele também guardou a roupa camuflada e a máscara branca, usadas durante o crime, em uma gaveta. Para não levantar suspeitas, retirou a fita vermelha que formava uma suástica - símbolo nazista - da vestimenta. 

O suspeito, um estudante do ensino médio que abandou os estudos, foi preso horas após o crime. Os policiais apreenderam o material na casa da família. Ele teria aproveitado um momento que os pais saíram para cometer os ataques.

Segundo o tenente Adriano de Farias Santos, o revólver utilizado foi guardado no armário do pai com um cadeado."Ele [o atirador] deixou a pistola na mesma posição onde ela havia sido guardada e a recarregou. A fita vermelha [usada para fazer o símbolo da suástica] estava em uma gaveta junto com a máscara que ele usou quando cometeu o crime", afirmou ao uol.

A polícia irá examinar se ele tinha facilidade de acesso às armas do pai. O tenente afirmou que também será investigado se o pai ensinou o adolescente a atirar e a dirigir. 

Neste domingo (27), o governo do Estado do Espírito Santo divulgou atualizações sobre o caso. Em depoimento à polícia, o atirador disse ter agido sozinho no crime. A informação foi dada pelo governador, Renato Casagrande (PSB), que destacou que, apesar da afirmação, a polícia apura se ele teve ajuda de outras pessoas no ataque.

Entre os pontos investigados, conforme o g1, estão o acesso e habilidade com armas, saber dirigir e ter acesso ao carro, além do envolvimento com grupos extremistas. A polícia apura também se há envolvimento do pai no acesso e manuseio das armas - uma vez que os dispositivos eram dele.

"A PM está, sim, no processo de investigação, mas é a Polícia Civil que vai dizer se de fato teve cumplicidade", disse o governador. Ele não informou se o PM já foi ouvido pela polícia, mas informou que a polícia apreendeu o telefone e o computador do assassino para apurar se ele tinha relação com grupos extremistas.

ADOLESCENTE FOI PRESO EM CASA DE PRAIA

O estudante atacou a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM), onde estudava, e o Centro Educacional Praia de Coqueiral, da rede particular, na manhã de sexta-feira (25). Ele efetuou diversos disparos, matando pelo menos quatro pessoas e deixando dez feridos.

O veículo que o adolescente usou, um Renault Duster de cor praia, foi identificado pela polícia com auxílio de câmeras de deslocamento. O carro estava com a placa coberta.

Os policiais rastearam o dono do veículo, pai do garoto, e foram até a casa da família, mas não encontraram ninguém lá. A polícia descobriu outro endereço da família, uma casa de praia, e encontrou o adolescente lá, acompanhado dos pais.

O adolescente confessou o crime e foi até a casa com os policiais para mostrar onde guardou as roupas, segundo o tenente Adriano de Farias Santos. 

"Ele [o atirador] estava muito tranquilo. Demonstrou frieza. Não parecia alguém que havia cometido um crime desse tipo", afirmou Adriano.

O estudante deve responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, impossibilidade de defesa das vítimas e perigo comum. No total, foram 4 pessoas mortas e 13 feridas no atentado, segundo a Polícia Civil do Espírito Santo.

As vítimas são a estudante Selena Sagrillo, de 12 anos, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos, Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos, e Flávia Amboss Merçon Leonardo.

Os corpos de Selena e Maria da Penha foram enterrados no início da tarde de sábado (26). Já a família de Cybelle preferiu que o corpo dela fosse cremado e levado para Pernambuco, onde a família mora. A professora Flávia morreu no sábado e será enterrada neste domingo (27).

Fonte: Diário do Nordeste