STF investiga 35 parlamentares enquanto Congresso busca blindagem
O Congresso busca ampliar o foro privilegiado, mas o STF tem pelo menos 35 investigações em andamento contra parlamentares.

Nos últimos dias, a tensão entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) intensificou-se, com a Câmara dos Deputados e o Senado propondo mudanças nas regras do foro privilegiado. Ao mesmo tempo, o STF contabiliza, no mínimo, 35 apurações envolvendo congressistas, levantando questionamentos sobre a ética e a transparência legislativas. Entre os casos em investigação estão desde suspeitas de desvios de emendas até porto ilegal de armas, e as defesas dos parlamentares têm negado as irregularidades.
Blindagem de parlamentares em discussão
A proposta de blindagem dos parlamentares surge em um contexto em que líderes de partidos do Centrão e da oposição se articulam em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este movimento legislativo, que visa restringir o foro privilegiado, também objetiva retirar casos que envolvem parlamentares do STF, exigindo autorização do Congresso para investigações e permitindo prisões somente em casos de flagrante ou crimes inafiançáveis.
O principal objetivo desse movimento é proteger os envolvidos em diversas investigações, incluindo aqueles de partidos que têm relação direta com a atual administração, como PT e PSB. O apoio a essa agenda por parte de líderes do Centrão levanta preocupações sobre a integridade dos processos legislativos e judiciais.
Casos que preocupam o STF
Dentro do quadro de investigações, destaca-se o caso do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA), que se tornou réu por corrupção passiva e organização criminosa. Ele é acusado de integrar um esquema de desvio de recursos via emendas parlamentares. Junto a ele, outros parlamentares também estão sendo investigados, e apesar das negações, o volume de casos revela um padrão preocupante nas práticas de manejo de recursos públicos.
Detalhes das investigações em curso
Além de Maranhãozinho, outros parlamentares estão sob o olhar atento do STF, como Elmar Nascimento (União-BA), investigado na Operação Overclean por fraudes em licitações e corrupção. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também está envolvido em apurações, tendo seu nome mencionado em comunicação interceptada pela Polícia Federal, relacionada ao desvio de recursos de emendas.
O cenário é ainda mais complicado devido à participação de parlamentares como Carla Zambelli (PL-SP), já condenada anteriormente por um ataque hacker, e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é investigado por sua atuação nos EUA em relação a sanções contra autoridades brasileiras.
Consequências e reações
A iminente possibilidade de mudanças nas regras do foro privilegiado está gerando um clima de incerteza e instabilidade. Ministros do STF, cientes das apurações, observam que, embora os casos não estejam necessariamente relacionados, muitos revelam um modus operandi que sugere a disseminação de práticas ilícitas entre os parlamentares.
Em reação às investigações, deputados e senadores tentam usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) como um atalho para evitar o julgamento de Bolsonaro no STF, dado que as eventuais irregularidades ocorreram durante seu mandato presidencial e, portanto, estariam sob a jurisdição da Corte.
Perspectivas para o futuro
Uma decisão recente do STF ampliou as situações em que a Corte é responsável por investigar parlamentares, estabelecendo que investigações relacionadas a atos cometidos no exercício do cargo devem permanecer sob sua alçada, mesmo após o fim do mandato. Esta mudança pode complicar ainda mais a situação dos congressistas que estão sob investigação.
Com a crescente pressão por mudanças e a quantidade significativa de investigações em andamento, o que se configura como um golpe na figura da política brasileira exige uma atenção cada vez mais crítica tanto dos cidadãos quanto dos órgãos competentes.
Com esse panorama, os próximos meses podem ser cruciais para a defesa da transparência e da ética na política, e o desdobramento ou não das investigações pode determinar a confiança da população nas instituições brasileiras.
Por: Diário do Povo