Morre Miguel Uribe, pré-candidato presidencial baleado há dois meses na Colômbia

Era um dos principais nomes da oposição ao governo vigente e figurava como um dos favoritos nas próximas eleições

Morre Miguel Uribe, pré-candidato presidencial baleado há dois meses na Colômbia
Senador Miguel Uribe Turbay — Foto: AFP

Miguel Uribe, senador colombiano e pré-candidato à Presidência do país, morreu após após passar dois meses no Centro de Terapia Intensiva depois de ter sido baleado na cabeça durante um comício em um bairro popular de Bogotá em junho, informou sua esposa na madrugada desta segunda-feira. Com 39 anos, era um dos principais nomes da oposição ao governo vigente e figurava como um dos favoritos nas próximas eleições na Colômbia.

"Obrigado por uma vida cheia de amor", escreveu María Claudia Tarazona em sua conta no Instagram, em uma mensagem ao lado de uma fotografia do casal. "Descanse em paz, amor da minha vida, eu cuidarei dos nossos filhos", acrescentou.

Em meados de julho, Uribe apresentou sinais de melhora e, após várias cirurgias e intervenções, havia entrado em processo de neuroreabilitação. Mas no sábado sofreu uma nova hemorragia cerebral, falecendo à 1h56 (3h56 de Brasília) desta segunda, segundo a clínica onde estava internado.

Em 7 de junho, um criminoso de 15 anos disparou três vezes contra Uribe, sem que os motivos sejam conhecidos. Duas balas atingiram a cabeça do senador. Além do atirador, as autoridades prenderam outros cinco suspeitos, incluindo Elder José Arteaga Hernández, conhecido como "El Costeño", suposto cérebro logístico do ataque.

Na semana passada, o chefe da polícia colombiana, Carlos Fernando Triana, disse que "muito provavelmente a Segunda Marquetalia", uma dissidência da extinta guerrilha Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), fundada pelo líder histórico Iván Márquez, está por trás do planejamento do ataque. As autoridades suspeitam que Márquez e aquele que foi seu segundo no comando da Farc, conhecido como Zarco Aldinever, estão mortos, embora as versões não tenham sido confirmadas.

A morte do político, que era neto de um ex-presidente e filho de uma jornalista que foi sequestrada e assassinada pelo Cartel de Medellín, também reabre feridas em um país marcado pela violência e atentados a políticos nas décadas de 1980 e 1990. Uribe deixa um filho pequeno e três enteadas adolescentes, filhas de sua esposa, que acolheu como suas.

Repercussão

"Hoje é um dia triste para o país", disse nesta segunda-feira a vice-presidente colombiana, Francia Márquez, em uma mensagem na rede social X. "A violência não pode continuar marcando nosso destino. A democracia não se constrói com balas nem com sangue, se constrói com respeito, com diálogo", acrescentou a política, que sobreviveu a um atentado com granadas e fuzis em 2019.

"O mal destrói tudo, mataram a esperança. Que a luta de Miguel seja a luz que ilumine o caminho correto da Colômbia", escreveu na rede social X o ex-presidente colombiano e principal líder da direita Álvaro Uribe, que está em prisão domiciliar desde o início de agosto, após ter sido condenado em um caso por suborno de testemunhas. Apesar do sobrenome, os dois não têm parentesco.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, exigiu justiça. "Os Estados Unidos se solidarizam com sua família e com o povo colombiano, tanto no luto quanto na reivindicação de justiça contra os responsáveis", escreveu na rede social X.

A vida de Miguel Uribe foi marcada pela violência do conflito armado colombiano. Sua mãe, a renomada jornalista Diana Turbay, morreu durante uma tentativa de resgate depois de ter sido sequestrada por ordem do narcotraficante Pablo Escobar, em 25 de janeiro 1991. Escobar ordenou o sequestro em meio a uma campanha de terror para evitar a extradição de narcotraficantes colombianos para os Estados Unidos.

Os fatos são narrados pelo Nobel de Literatura Gabriel García Márquez no romance "Notícia de um Sequestro", que inclui uma menção ao pequeno Miguel, então com 4 anos, durante a angustiante espera de cinco meses entre o sequestro e a morte.

Integrante de uma família com história na política colombiana — seu avô Julio César Turbay foi presidente entre 1978 e 1982 — Uribe estudou em uma das melhores escolas de Bogotá, formou-se em Direito e fez mestrado na Universidade Harvard. Ele foi vereador de Bogotá, secretário de governo e candidato à prefeitura da capital. Em 2022, foi eleito senador pelo partido de direita Centro Democrático e, no ano passado, anunciou que disputaria a Presidência.

Com AFP

Fonte: Globo.com