IPCA: preços sobem 0,26% em julho, diz IBGE

No acumulado do ano, o índice que mede a inflação oficial do país subiu 3,26%. Em 12 meses, a alta foi de 5,23%, levemente abaixo dos 5,35% registrados no período anterior.

IPCA: preços sobem 0,26% em julho, diz IBGE
CRIS FAGA/DRAGONFLY PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, aponta que os preços subiram 0,26% em julho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado representa uma alta 0,02 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,24% de junho.

No ano, o IPCA acumula alta de 3,26% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,23%, abaixo dos 5,35% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2024, a variação havia sido de 0,38%.

Embora tenha desacelerado em relação ao mês passado (0,99%), o grupo de Habitação liderou a alta do índice medido pelo IBGE, com avanço de 0,91%, impulsionado pela elevação de 3,04% na energia elétrica residencial. Em julho, ainda vigorava a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

No ano, energia elétrica residencial acumula uma alta de 10,18%, destacando-se como o principal impacto individual (0,39 p.p.) no resultado acumulado do IPCA (3,26%). Esta variação (10,18%) é a maior para o período janeiro a julho desde 2018 quando o acumulado foi de 13,78%.

Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas, de maior peso no índice, registrou queda média de preços de -0,27% em julho, marcando o segundo recuo seguido — em junho, a variação havia sido de -0,18%.

A retração foi puxada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,69% na comparação mensal, com destaque para as quedas da batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%).

Também tiveram queda no mês os grupos de Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). Os demais grupos de produtos e serviços pesquisados ficaram entre o 0,91% de Habitação e o 0,02% de Educação.

Veja o resultado dos grupos do IPCA em julho

Seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

  • Habitação: 0,91%
  • Despesas pessoais: 0,76%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,45%
  • Transportes: 0,35%
  • Artigos de residência: 0,09%
  • Educação: 0,2%

Em julho, três dos grupos pesquisados tiveram queda:

  • Vestuário: -0,54%
  • Alimentação e bebidas: -0,27%
  • Comunicação: -0,09%

Preço dos alimentos segue em queda

Pelo segundo mês seguido, o grupo de Alimentação e bebidas registrou queda entre os itens pesquisados pelo IPCA --- em junho, a variação foi de -0,18%, influenciada pela alimentação no domicílio, puxada pela queda nos preços do ovo de galinha.

Segundo o IBGE, a queda em julho foi puxada pela alimentação a domicílio, que caiu 0,69%. Os destaques ficaram por conta da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%) e do arroz (-2,89%).

Conta de luz ainda pesa na inflação:

Em julho, o maior peso sobre o IPCA foi exercido pela energia elétrica, com alta de 3,04%, levando o grupo Habitação a subir 0,91%. No mês, predominou a bandeira tarifária vermelha patamar 1, o que significa adicional de R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. O resultado reflete ainda reajustes em concessionárias.

“De janeiro a julho, energia elétrica residencial acumula uma alta de 10,18%. Essa variação é a maior para o período janeiro a julho desde 2018, quando o acumulado foi de 13,78%.”, disse Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

Segundo ele, sem a contribuição da energia elétrica, o resultado do IPCA de julho seria de uma alta de 0,15%.

Já o grupo Transportes acelerou a alta a 0,35% em julho, de 0,27% no mês anterior, impactado pelo aumento de 19,92% das passagens aéreas. Os combustíveis, por sua vez, recuaram 0,64% em julho, com quedas nos preços do etanol (-1,68%), do óleo diesel (-0,59%), da gasolina (-0,51%) e do gás veicular (-0,14%).

Inflação oficial permanece acima da meta

Ainda que essa tenha sido a taxa mais baixa desde fevereiro (+5,06%) nessa base de comparação, a inflação permanece acima da meta contínua -- 3,0% medida pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

No final de julho, o Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta nos juros básicos ao manter a Selic em 15% ao ano, ressaltando que antecipa a manutenção da taxa nesse patamar por período "bastante prolongado".

Para isso, o BC citou expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.

Pesam ainda sobre o cenário as incertezas relacionadas à tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O BC apontou que a política tarifária dos EUA torna o cenário mais incerto e adverso para o Brasil, ressaltando que sua atuação focará nos mecanismos de transmissão do ambiente externo sobre a inflação local.

Na segunda-feira, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, chamou atenção para uma visão crescente entre economistas de que a alíquota elevada impõe risco de desaceleração da atividade no Brasil.

*Com informações da Reuters

Fonte: G1