R$ 148.490: Nissan Sentra 2023 é mais refinado e barato que Toyota Corolla

O Nissan Sentra deixa de ser conservador na aparência, mas segue tradicional na mecânica e no ótimo espaço interno

R$ 148.490: Nissan Sentra 2023 é mais refinado e barato que Toyota Corolla
Foto: Divulgação/Nissan

Provavelmente você se lembra ou ao menos já ouviu falar sobre a propaganda do Nissan Sentra de 2007, embalada por um jingle que dizia: “não tem cara de tiozão, mas acelerou meu coração”, querendo dizer que o sedã teria deixado no passado seu visual conservador. Na realidade, ele continuava, sim, com “cara de tiozão”.

Agora, 16 anos depois, seria a hora certa para aquele comercial. Isso porque, dois anos após ser descontinuado por aqui em sua sétima geração, o Sentra volta ao mercado brasileiro completamente renovado e com uma aparência muito longe de ser careta.

Independentemente de visual, o modelo volta para brigar em um segmento esvaziado por culpa dos SUVs e que é praticamente monopolizado pelo Toyota Corolla, já que o Chevrolet Cruze caminha para o fim e o Volkswagen Jetta e o Honda Civic passaram a se encaixar em nichos mais específicos.

Ele chega em duas versões: Advance, por R$ 148.490, e a Exclusive, aqui apresentada, que sai por R$ 171.590. São bons preços e abaixo dos cobrados pelas versões XEi e Altis Premium do Corolla, que custam, respectivamente, R$ 153.390 e R$ 176.190.

As vendas começam nesta quinta-feira (16) com alguns “mimos” para os 100 primeiros compradores que fizerem reservas online. Entre eles, R$ 1.000 em combustível, um pacote de viagem com roteiro personalizado (a ser realizado com o veículo), 3 anos de revisão e 1 ano de assistência 24h, benefícios de um programa de fidelidade da Nissan e uma bolsa de viagem feita em parceria com a grife Pace com o mesmo visual e material dos bancos do Sentra.

Não tem cara de tiozão, mesmo

O novo Sentra incorpora a atual identidade de design da marca, mas com personalidade. A dianteira é alongada e baixa (cuidado com valetas!), o capô tem fortes vincos e o conjunto de iluminação é (quase) todo em led, com exceção das luzes de direção. A traseira alta tem lanternas grandes e sóbrias, mas que pecam por não terem leds.

A lateral evidencia as proporções de dianteira baixa e traseira alta, junto ao caimento com um “quê” de cupê e as rodas de 17 polegadas com acabamento diamantado. O teto é preto quando a carroceria é branca ou grafite, e há teto solar elétrico de série.

Por dentro, a observação sobre personalidade é reforçada. O painel tem linhas fluidas, com saídas de ar redondas, central multimídia destacada e console largo, tudo isso diferente de todos os demais Nissan vendidos no Brasil.

O acabamento é elogiável pela boa montagem e pela qualidade dos materiais empregados, como o que imita couro de toque macio e reveste os bancos, os painéis de porta e quase todo o painel. Ele é preto como padrão e o tom caramelo desta unidade é um opcional de R$ 1.700. Os bancos dianteiros têm aquecimento.

A lista de equipamentos do Sentra Exclusive é extensa (veja no final desta matéria as diferenças entre as versões), a começar pelo pacote ADAS, que inclui frenagem automática de emergência, ACC, alerta de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado, entre outros.

Há câmeras 360° (mas com baixa qualidade de imagem), sensores dianteiros e de ré, seis airbags, sistema de som da Bose com oito alto-falantes e ar digital bizona. A central multimídia de 8 polegadas funciona bem, mas tem layout antiquado, e tem Android Auto e Apple CarPlay, mas apenas via cabo. Também não há carregador de celulares por indução.

Já o quadro de instrumentos mistura mostradores analógicos com uma tela de 7 polegadas. O resultado é bom. O grande escorregão do sedã está no freio de estacionamento, que tem acionamento mecânico pelo pé, a exemplo do Corolla Cross. Contudo, o pedal está em uma posição que, quando armado, parece um pedal de embreagem.

Ainda na cabine, há bastante espaço para até três pessoas no banco traseiro, mas quem for atrás terá que disputar a única porta USB disponível e não terá saídas de ar-condicionado. Espaço também há no porta-malas, com 466 litros, pouco menos que os 470 do Corolla.

Mecânica conservadora

Se na aparência o novo Sentra foge do conservadorismo, na mecânica ele se mantém tradicional. Por aqui, nada de turbo ou eletrificação: o motor é um 2.0 aspirado, mas com injeção direta, sempre a gasolina, que gera 151 cv e 20 kgfm. Está sempre acompanhado de um câmbio CVT que simula oito marchas no modo manual.

São números consideravelmente menores que os do Corolla, que tem 177 cv e 21,6 kgfm, e é flex. Essa diferença apareceu em nossos testes, onde o Sentra foi de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, contra 9,7 s do Toyota. O consumo não apresentou surpresas, com médias de 10,4 km/l na cidade e 15 km/l na estrada.

Mesmo mais lento que o rival, o Sentra vai bem em diversas situações. Tem boas acelerações e retomadas, e o CVT não incomoda e não segura o desempenho, ao contrário de outros do mercado. Ele dá a entrega inicial de potência e torque, e já busca derrubar o giro para maior conforto acústico (a 100 km/h, o motor fica a apenas 1.500 rpm) e para economizar combustível.

Por falar em acústica, este é um dos destaques do modelo em movimento. Em velocidades mais baixas, na cidade, é possível até se passar pela cabeça que estamos a bordo de um carro híbrido, tamanho é o isolamento do motor – tanto para a cabine, quanto para o externo. Mesmo em velocidades mais altas, ou com exigência do motor, o que se ouve é mínimo e será encoberto pelos ruídos dos pneus, que são os que mais invadem a cabine.

O conforto vem também na suavidade da suspensão, que é rígida, sem ser dura. A rigidez aparece como estabilidade e pouco balanço da carroceria, além da sensação de parecer “colado” ao chão.

Em irregularidades no solo, o trabalho é muito bom, com absorções macias e silenciosas mesmo com pneus de perfil baixo (215/50) – e surpreendentes para um modelo japonês, que tem como tradição suspensões com batidas mais secas e funcionamento ruidoso. A direção elétrica é leve, mas não como a de um Versa ou de um Kicks, e acompanha o peso e o tamanho de um sedã médio de 4,65 metros de comprimento.

O novo Sentra certamente não terá volume suficiente para incomodar o Corolla, mas tem (quase) tudo para ser uma bela alternativa a ele. É espaçoso, tecnológico, bonito, melhor acabado e mais barato que o rival. Também é uma boa opção para quem ainda quer tentar fugir dos SUVs.

Veredicto – O novo Sentra não incomodará o Corolla por falta de volume, mas tem predicados e bons preços para ser uma alternativa ao líder isolado do segmento.

Os equipamentos de cada versão

Advance (R$ 148.490): ar-condicionado digital automático de duas zonas, faróis em led, central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay via cabo, paddle shifts para troca de marcha manual, bancos dianteiros aquecidos, quadro de instrumentos com tela de 7 polegadas, seis airbags, sistema de som com 6 alto-falantes, rodas de 17 polegadas diamantadas, faróis de neblina, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de atenção do motorista, banco do motorista com regulagem elétrica e chave presencial.

Exclusive (R$ 171.590): itens da Advance, mais faróis automáticos (com facho alto automático), piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, monitoramento de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado traseiro, câmeras 360°, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos rebatíveis eletricamente, partida remota do motor, teto solar elétrico e sistema de som Bose com 8 alto-falantes.

Para a versão Exclusive, há a opção para acabamento na cor Sand (caramelo) da unidade aqui apresentada. O item custa R$ 1.700.

Fonte: Quatro Rodas