Restrição de circulação imposta a Padilha pelos EUA é mais severa do que a destinada a cubanos, sírios e russos

Ministro da Saúde deverá seguir os trajetos entre hotel e a sede da ONU ou transitar em uma área de até cinco quarteirões de onde estiver hospedado

Restrição de circulação imposta a Padilha pelos EUA é mais severa do que a destinada a cubanos, sírios e russos
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Apesar de ter recebido nesta quinta-feira o visto para entrar nos Estados Unidos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, terá sua circulação na cidade de Nova York limitada, caso decida acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU na próxima semana. As restrições são severas das que costumam ser impostas a representantes de países como Síria, Rússia e Cuba.

Segundo interlocutores do governo, Padilha poderá transitar em uma área equivalente a até cinco quarteirões de onde estiver hospedado e deverá seguir os trajetos entre o hotel, a sede da ONU e representações do Brasil ligadas ao organismo. Diplomatas de países como Cuba, Rússia e Síria costumam ficar limitados a um raio de 40 quilômetros da ilha de Manhattan, mais precisamente do Columbus Circle, uma rotatória em uma área movimentada da cidade.

Entenda o caso

Padilha foi o último da comitiva a receber visto para entrar nos EUA, relataram interlocutores do governo ao GLOBO. No mês passado, o governo americano cancelou os vistos de entrada nos EUA da mulher e da filha de Padilha. Servidores que tinham participado do programa Mais Médicos, criado em 2013, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, também foram atingidos pela medida. Segundo a Casa Branca, médicos cubanos que trabalhavam no Brasil pelo programa eram alvos de exploração de mão de obra escrava.

O ministro da Saúde estava com o visto vencido desde 2024. No último dia 18 de agosto ele pediu a renovação do documento. Questionado por jornalistas sobre o motivo da demora para as autoridades americanas renovarem o documento, Padilha respondeu que estava "nem aí".

— Esse negócio do visto é igual àquela música, ‘tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Acho que só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos. Só fica preocupado com o visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse, está certo? — disse, referindo-se ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por: G1