Polícia divulga 'mug shot' de Donald Trump

O ex-chefe de Estado se entregou às autoridades depois de ser acusado de tentar alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020.

Polícia divulga 'mug shot' de Donald Trump
Polícia divulga 'mug shot' de Donald Trump — Foto: Fulton County Sheriff's Office/Handout via REUTERS

A polícia da Geórgia, nos Estados Unidos, divulgou o "mug shot" (foto de réu) do ex-presidente Donald Trump nesta quinta-feira (24). Ele se entregou às autoridades depois de ser acusado de tentar alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020.

Segundo o xerife do condado de Fulton, Pat Labat, fotografar o réu antes de ele ser liberado sob fiança é um procedimento normal na Geórgia. Nas outras três ocasiões em que Trump se apresentou à Justiça, o ex-presidente não precisou tirar o "mug shot".

Por que não teve foto até agora?

Como explica o “New York Times”, uma fotografia, no caso de Trump, é totalmente dispensável para fins práticos.

O propósito das "mug shots" é ajudar os policiais a reconhecer um acusado de um crime para localizá-lo, se ele, eventualmente, fugir. Essas fotografias são distribuídas também para a imprensa, para que a imagem seja divulgada e o rosto do suspeito seja reconhecido em público.

No entanto, neste caso, não se considera que Trump pode fugir e, além disso, o rosto dele já é conhecido.

Entenda o caso

Após a derrota para Joe Biden, Trump tentou reverter o resultado em estados onde ele havia perdido.

Nos EUA, as eleições são indiretas: os eleitores, na verdade, votam em delegados que vão representar cada estado em um colégio eleitoral –são esses delegados que escolhem o presidente. Cada estado tem um número específico de delegados e regras próprias para definir quem serão os delegados.

Na Geórgia, a regra é que todos os delegados do estado serão do candidato à presidência que tiver mais votos –mesmo se for por uma pequena maioria. Foi isso o que acontecem em 2020: Biden ganhou por pouco de Trump no estado.

Por isso, esse foi um dos estados onde Trump e seus aliados se concentraram para tentar reverter os resultados.

Permanência breve

A permanência de Trump na prisão superlotada e insalubre conhecida como Rice Street Jail deve ser breve.

Assim como dez dos 11 acusados que já se entregaram à Justiça, Trump deve ser liberado após o pagamento de uma fiança, fixada em US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão na cotação atual).

Seu último chefe de gabinete, Mark Meadows, se apresentou nesta quinta-feira e foi liberado após pagar fiança de US$ 100 mil (aproximadamente R$ 500 mil). Outro acusado, Harrison Floyd, ficou detido porque não foi favorecido com a liberdade sob fiança.

Todos tiveram as digitais coletadas e sua foto de registro policial tirada, que rapidamente foi divulgada na imprensa e nas redes sociais.

As duas entradas da prisão foram fechadas ao trânsito na manhã desta quinta-feira, com exceção dos veículos da polícia. Agentes com coletes à prova de balas esperavam em um dos acessos em uma van.

Troca de advogado

Nesta quinta-feira, Trump trocou de advogado na Geórgia, substituindo Drew Findling por Steven Sadow, uma decisão que ainda não foi explicada.

No passado, Sadow criticou a lei contra o crime organizado usada pela promotora do condado de Fulton, Fani Willis, para indiciar coletivamente os 19 réus, uma norma que prevê penas de cinco a 20 anos de prisão.

Em 14 de agosto, um grande júri nomeado por Willis acusou os réus de tentarem ilegalmente anular o resultado das eleições de 2020, vencidas neste estado-chave pelo atual presidente, o democrata Joe Biden.

Os 19 acusados tinham até o meio-dia local (13H00 de Brasília) de sexta-feira para se apresentarem às autoridades. Espera-se que eles retornem ao tribunal na semana de 5 de setembro, presumivelmente para anunciar se se declaram culpados ou não.

A procuradora Fani deseja que o julgamento aconteça em março de 2024.

Trump é alvo de quatro acusações criminais, duas em nível federal, em Washington e na Flórida (sudeste), uma no estado de Nova York e outra na Geórgia.

Cada processo, no entanto, rende para ele milhões de dólares em doações, feitas por apoiadores convencidos de que ele é vítima de uma "caça às bruxas", como ele mesmo afirma.

Os casos em que Trump é reu

Trump é réu na Justiça criminal em quatro casos diferentes. Dois processos são na Justiça federal dos EUA:

  • Em junho ele foi acusado de guardar intencionalmente documentos secretos do Departamento de Defesa sem que ele tivesse autorização para isso.
  • Em agosto, ele virou réu por tentar reverter de forma ilegal as eleições presidenciais de 2020, que foram vencidas por seu opositor, Joe Biden.

O ex-presidente também é acusado na Justiça do estado de Nova York:

  • Em março de 2023, ele foi acusado formalmente por não ter declarado o pagamento de US$ 130 mil para que Stormy Daniels, uma atriz pornô, se mantivesse em silêncio sobre um suposto relacionamento extraconjugal que os dois tiveram.

Finalmente, há o processo na Justiça do estado da Georgia.

  • Em agosto, ele foi acusado por ter tentado mudar os resultados especificamente do estado da Georgia.

Por: G1