MP pede cassação de prefeito de Curitiba e vice após denúncia de coação de funcionários para doações de campanha
Áudio vazado foi atribuído a ex-servidor público, que exigia de subordinados a compra de convites para jantar de arrecadação para a candidatura de Eduardo Pimentel

O Ministério Público do Paraná pediu a cassação do mandato do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), e do vice-prefeito, Paulo Martins (PL), por abuso de poder político e de autoridade na eleição do ano passado. Eles são acusados de terem se beneficiado de um esquema de coação de funcionários públicos da prefeitura para realizarem doações para a campanha política. Na epoca, a cidade era administrada por Rafael Greca (PSD), que apoiou a candidatura de Pimentel.
O caso veio à tona com um vazamento de áudio, revelado pelo portal Metrópoles, de uma reunião em que Antônio Carlos Pires Rebello, que ocupava o cargo de superintendente de Tecnologia e Informação, afirmava que os servidores teriam que comprar convites de R$ 3 mil para um jantar de arrecadação da campanha no início de setembro, há um mês do primeiro turno. Na gravação, ele orienta que os pagamentos fossem feitos através de contas de parentes, para não serem identificados, e ameaça a demitir aqueles que não aderissem ao plano. Na ocasião, ele também teria dito que o valor seria para “ajudar a campanha" e que o método para conseguir o dinheiro era "melhor do que fazer caixa 2”.
Na época, a prefeitura da cidade exonerou Rebello e informou, em nota, que repudiava a prática e que os fatos seriam "apurados com o rigor necessário". O caso, no entanto, foi denunciado por Cristina Graeml, adversária política de Pimentel derrotada no segundo turno, chegando ao Ministério Público Eleitoral do estado.
Em resposta, a promotora eleitoral Cynthia Maria de Almeida Pierri, se manifestou na última quinta-feira pelo acolhimento da denúncia e pela cassação e inelegibilidade de Pimentel, Martins e Greca. Entre os argumentos usados, é mencionada "a rápida exoneração do investigado Antônio Rebello, logo após a divulgação dos fatos". Segundo ela, isso constituiria "forte indício da veracidade e gravidade da conduta a ele imputada, sendo uma admissão tácita, pela administração, da irregularidade ocorrida”.
A promotora também negou o argumento apresentado pelas defesas dos investigados, que afirmam que as gravações de áudio feitas do planejamento do esquema seriam clandestinas e não serviriam como provas lícitas. O GLOBO tenta contato com as defesas dos investigados e a prefeitura de Curitiba.
Fonte: Globo.com