Cirurgião plástico com 84 mil seguidores é investigado por suposto erro médico após morte de paciente em BH

Norma Fonseca, de 59 anos, teve falência múltipla de órgãos após contrair uma bactéria; médico nega irregularidades

Cirurgião plástico com 84 mil seguidores é investigado por suposto erro médico após morte de paciente em BH
Foto: Divulgação

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga um cirurgião plástico por suposto erro médico que teria causado a morte da paciente Norma Eduarda da Fonseca, de 59 anos, em Belo Horizonte. De acordo com o filho da vítima, o médico Rodrigo Credidio, que possui mais de 84 mil seguidores em uma rede social, realizou uma série de plásticas em Norma em uma única cirurgia que durou mais de sete horas. O cirurgião nega as acusações e afirma que não existe nenhum exame ou indício que aponte para má conduta relacionada ao procedimento.

"A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias e a causa da morte da mulher, de 59 anos, registrada no dia 19 de abril. A investigação prossegue com a realização das diligências necessárias à elucidação dos fatos", disse a polícia, em nota.

Norma, que trabalhava como servidora pública na Universidade Federal de Minas Gerais, realizou cinco cirurgias em fevereiro, de acordo com a família. Ela chegou a ficar dois meses internada por conta de complicações pós-operatórias e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos após contrair uma bactéria.

Conforme relato de Gustavo Botelho, filho da vítima, ao jornal O Tempo, a paciente teve alta no dia seguinte da cirurgia. Poucos dias depois, ela começou com sintomas como vômito, diarreia, inchaço abdominal, além de indícios de necrose nos locais operados. Ao relatar o problema ao cirurgião, Gustavo afirma que o médico manteve contato com a vítima apenas por mensagens e sequer marcou um retorno hospitalar.

Em nota, o médico informou que acompanhou "pessoalmente a paciente em sua entrada no hospital, em razão de ter contraído uma virose. Nessa ocasião, conforme comprovado mediante exames de sangue, não constava nenhum sinal da presença de bactéria multirresistente". Ainda segundo o cirurgião, a confirmação da doença só ocorreu um mês após a realização da plástica, o que "confirma a impossibilidade de ligação entre os eventos". Veja a nota completa abaixo.

Clínica já foi multada por Vigilância Sanitária

O GLOBO checou que Rodrigo Credidio tem ao menos outros dois processos por erro médico registrados no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Os casos são de 2019 e, por correr em segredo de justiça, não é possível saber se o cirurgião foi ou não absolvido.

Credidio atende em uma clínica no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nas redes sociais, ele já chegou a compartilhar entrevistas que concedeu falando sobre o crescimento de erros médicos durante procedimentos estéticos.

Conforme divulgado pelo g1, a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte informou a Clínica Credidio não possui denúncia registrada e está em processo de renovação de alvará sanitário, o que não impede o funcionamento do local. Contudo, o estabelecimento já foi multado anteriormente em R$ 9.979,53 devido a "irregularidades no processo de esterilização".

Nota encaminhada pelo médico

Primeiramente, quero manifestar meus pêsames pelo falecimento da paciente Sra. Norma Eduarda da Fonseca e minha solidariedade aos seus familiares e amigos.

Em razão do Código de Ética Médica, que estabelece a obrigação de preservar o sigilo de prontuário da paciente, não posso entrar em detalhes sobre o caso clínico. No entanto, esclareço que as razões que a levaram a um grave quadro de infecção e, consequentemente, a óbito não têm relação com o procedimento realizado há mais de 60 dias, que ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência.

Ressalto que acompanhei pessoalmente a paciente em sua entrada no hospital, em razão de ter contraído uma virose. Nessa ocasião, conforme comprovado mediante exames de sangue, não constava nenhum sinal da presença de bactéria multirresistente. A confirmação só ocorreu, nessa mesma unidade de saúde, um mês após a realização do procedimento conduzido por mim, o que confirma a impossibilidade de ligação entre os eventos.

Informo que a Vigilância Sanitária promoveu diversas visitas nos últimos dias ao Hospital em que a paciente foi operada e em minha clínica, não sendo encontrado nenhum indício de descumprimento das normas sanitárias vigentes. Tal fato reforça meu compromisso com a segurança de todos os pacientes por mim atendidos. Reitero que não existe nenhum exame ou indício que aponte para má conduta relacionada ao procedimento, sendo que toda a documentação se encontra disponível para acesso de familiares e autoridades competentes.

Fonte: G1/Globo